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‘Da Semente à Xícara’, projeto apoiado pela FAU transforma a cafeicultura no cerrado

Secagem de café safra 2023
Foto: Líbia Diniz Santos

Projeto pioneiro une tecnologia com sabedoria tradicional para elevar o patamar do café especial brasileiro.

O projeto “Da Semente à Xícara” representa um marco na integração da pesquisa científica com a prática agrícola. A iniciativa se destaca pelo uso de métodos de pós-colheita de café, sequenciamento de DNA, ciência de dados e Internet das Coisas (IoT).

O resultado da inovação gerou a marca Porandu que foi entregue, mês passado em Brasília ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em forma de 10mil “drips coffe”. A ação teve parceria com a DB State Coffee e Expocaccer, “vimos uma oportunidade de unir a tradição cafeicultora de Minas Gerais com as inovações que emergem das nossas universidades. A criação do Café Porandu é uma materialização dessa sinergia, e o envolvimento da FAU assegurou que os frutos dessa pesquisa chegassem ao mercado”, completou Rafael Visibelli, diretor executivo da FAU. O apoio da Fundação facilitou a interação entre o conhecimento acadêmico e as práticas tradicionais de cultivo de café especial.

Matheus Gomes na entrega de drip coffees no MCTI
Foto: Divulgação MCTI

O objetivo do projeto foi ajudar os produtores de cafés especiais a aumentarem a qualidade da produção e realçar sabores a diferenciais desejados em cafés específicos. O projeto foi desenvolvido no Campus Patos de Minas da UFU, teve incentivo com recursos da FAPEMIG, FAPESP, CNPq e CAPES e a gestão financeira e apoio da Fundação de Apoio Universitário (FAU). “A contribuição da FAU transcendeu o aspecto financeiro, funcionando como uma ponte entre os pesquisadores e os cafeicultores locais e no desenvolvimento do Café Porandu de um novo produto que leva ciência na xícara”, completou Matheus Gomes, pesquisador do projeto “Da Semente à Xícara”.

Com a conexão estabelecida os pesquisadores reuniram alunos de pós-graduação e de doutorado foram pro campo. O primeiro trabalho foi selecionar, na região de Patos de Minas, os lotes dos melhores pés de café e implementando inovação tecnológica. Em seguida, os pesquisadores acompanharam os processos de pós colheita para definir o manejo e a tecnologia para melhorar a nota dos lotes. O resultado foi um salto de 84 para 88 pontos na classificação da Brazil Specialty Coffee Association (BSCA) em uma escala até 100 pontos.  

Os cafés, de 4 tipos de sabores, já foram registrados como cafés especiais e colocados no mercado. “Nós consideramos importante o apoio da FAU ela reconhece a importância do sistema de inovação por meio de um ecossistema favorável, que não apenas contribuiu para a criação do projeto como administração financeira e de posicionamento no mercado”, completa o pesquisador Matheus.

O processo de desenvolvimento da inovação tecnológica acontece por meio da coleta de dados e das análises em tempo real. Com o conhecimento detalhado do processo de melhoramento foi possível entender melhor e otimizar os fatores que influenciam a qualidade do café, desde o solo e clima até os processos pós-colheita que envolve a fermentação a secagem e o armazenamento. “O que buscamos não é apenas a excelência em cafés especiais, mas também o auxílio contínuo aos produtores rurais para tomarem decisões corretas para a melhoria da qualidade de seus cafés”, explicou a professora Líbia Diniz Santos, coordenadora do projeto. 

Um dos diferenciais do projeto foi ir além da pesquisa com o envolvimento com o produtor, o que foi chamado de “transcendeu a técnica” pós colheita. A redefinição de padrões de qualidade aplicadas nos processos, fortaleceu os laços entre a academia, os produtores e o mercado dando maior garantia de sustentabilidade ao e fortalecendo o mercado para os cafés especiais. “Um dos resultados palpáveis do projeto foi o lançamento do Café Porandu, um produto que simboliza a união da ciência com a paixão pela cafeicultura. Os recursos obtidos com a venda do Café Porandu são reinvestidos em pesquisa, promovendo um ciclo virtuoso de inovação e desenvolvimento”, acrescenta Matheus.

O Café Porandu foi o resultado dos 4 anos de pesquisas, esse volume foi dividido em “drips coffes” que são ofertados em feiras dos setores tecnológicos, do agro e culturais para degustação do público, o objetivo é ampliar o gosto popular e conquistar o reconhecimento do produto pela qualidade do café especial do cerrado mineiro. “Essa iniciativa mudou nossa forma de cultivar café. O acesso a tecnologias e técnicas avançadas era algo distante para nós, produtores. Agora, podemos competir em pé de igualdade com grandes nomes do mercado, produzindo um café que nos enche de orgulho”, comentou um dos cafeicultores participantes do projeto.

A próxima etapa de trabalho dos pesquisadores e cafeicultores da região de Patos de Minas é consolidar o que foi e criar um Centro Regional de Incentivo à Inovação Tecnológica para o café na região de Patos de Minas. “Estamos apenas no começo, com o apoio contínuo de instituições como a FAU, o próximo passo é consolidar um centro de inovação aqui, transformando a região em um referencial de excelência e inovação. É uma jornada empolgante que trará benefícios duradouros para todos os envolvidos.” Reforça Matheus.

Por: Cristiane de Paula (jornalista FAU)
Publicado em 20/11/2023 às 14:50

 

 

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