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Pesquisadores da UFU desenvolvem produto pioneiro para câncer de mama de difícil tratamento

Laboratório de Genética e Biotecnologia (GBio), do Instituto de Biotecnologia (Ibtec) da UFU, Campus Patos de Minas.

Imagem: Thaise G. Araújo.

A pesquisa aconteceu em parceria entre pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O resultado foi um produto inovador envolvendo nanotecnologia para combater o câncer de mama triplo negativo – um dos tipos mais agressivos da doença. Esses tumores acometem, principalmente, mulheres jovens e afrodescendentes. A combinação de compostos já foi patenteada e testada com resultados animadores em animais, mostrando eficácia no combate às células tumorais do triplo negativo.

O projeto foi desenvolvido no Laboratório de Genética e Biotecnologia (GBio), do Instituto de Biotecnologia (Ibtec) da UFU, Campus Patos de Minas, em colaboração com o Instituto de Química, também da UFU e a UFJF. A pesquisa fez parte do doutorado da aluna Paula Marynella.  “A pesquisa é pioneira porque combina um composto desenvolvido pelo grupo de pesquisa com um medicamento já utilizado na clínica, com maior eficácia comprovada nos modelos já testados. Assim, essa combinação poderá superar a resistência dessas células aos regimes atualmente adotados, auxiliando no tratamento dessas pacientes”, explica a doutoranda.

O câncer de mama triplo negativo é um desafio para a medicina, devido ao seu comportamento mais agressivo, com taxas de crescimento rápidas e maior probabilidade de metástase -principalmente para o cérebro e pulmões. A principal característica é a falta de três receptores-alvo mais comuns: estrogênio, progesterona e a proteína HER2 capazes de responderem aos tratamentos. Sem esses “alvos”, as terapias hormonais e os medicamentos anti-HER2, eficazes para outros tipos de câncer de mama, não funcionam.

O projeto foi coordenado pela professora Thaise G. Araújo da Rede Mineira de Pesquisa Translacional em Imunobiológicos e Biofármacos no Câncer (Remitribic, “A pesquisa em rede, em especial o trabalho da REMITRIBIC visa superar os desafios da oncologia. Diferentes pesquisadores, com linhas de pesquisas afins, colaboram diretamente e vem alcançando resultados animadores. Esse projeto em específico conta com a colaboração do Prof. Dr. Geovanni Dantas Cassali da UFMG, coordenador da REMITRIBIC”, acrescenta a coordenadora do projeto.

Foram necessários 10 anos de pesquisa para se chegar aos resultados que animaram o grupo de trabalho das universidades e institutos de pesquisa envolvidos. O produto abre o caminho para novas alternativas terapêuticas contra um câncer que ainda é um dos maiores desafios da medicina. “O maior desafio reside em superar a complexidade do câncer de mama triplo-negativo, com um produto eficaz, seguro e que não esbarre na resistência desses tumores. O caminho ainda é longo, estamos ampliando os ensaios em novos modelos animais, mas acreditando no produto que desenvolvemos. Esperamos trazer mais boas notícias nos próximos anos”, disse a pesquisadora Thaise G. Araújo.

De acordo com o Ministério da Saúde a estimativa de risco de câncer de mama é de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres. E, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o triplo-negativo representa de 15% a 20% deste total, com taxa de morte variando entre 30% e 40% em cinco anos. Estatísticas globais indicam que ele é mais frequente em mulheres de 40 a 50 anos de idade e em afrodescendentes. O desenvolvimento de um produto nacional é, portanto, uma notícia de enorme relevância para a saúde pública. “Nosso grupo trabalha no desenvolvimento de produtos que atendam às necessidades da população, que sejam acessíveis e que coloque o nosso estado e nosso país no cenário de desenvolvimento científico e tecnológico. Estamos atentos às demandas sociais e comprometidos com ciência inovadora e de qualidade. Importante destacar o auxílio da FAPEMIG aos nossos projetos. Para esta pesquisa a FAPEMIG está financiando, além da REMITRIBIC, a pesquisadora Paula Marynella, com uma bolsa de pós-doutorado, sob minha supervisão”, destaca a pesquisadora coordenadora do projeto.

Os recursos de projetos de pesquisa desenvolvidos pela UFU passam pela Fundação de Apoio Universitário (FAU) que é responsável pela gestão de projetos de pesquisa, ensino e extensão, garantindo inovação e desenvolvimento institucional. A FAU atende Instituições de Minas, Goiás e Mato Grosso, são 8 Instituições Federais de Ensino Superior, entre elas a UFU e o Hospital de Clínicas da UFU/EBSERH.

Por: Cristiane de Paula (jornalista FAU)
Publicado em 31/10/2025 ás 11:13

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