Pesquisadores no desenvolvimento de alguns dos 12 projetos em andamento no Laboratório de Nanobiotecnologia Prof. Dr. Luiz Ricardo Goulart Filho, da UFU
O balanço dos resultados alcançados em pesquisas com focos nas áreas de saúde animal, humana e meio ambiente faz parte da prestação de contas dos últimos 7 anos. Um importante marco foi o credenciamento do laboratório (Nanos), liderado pelo professor Luiz Ricardo Goulart Filho, como Sede do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Teranóstica e Nanotecnologia (INCT TeraNano) em 2017, beneficiando 101 projetos de pesquisa. O credenciamento como sede da Rede INCT TeraNano impulsionou as pesquisas por meio de mais recursos, colaboração de outras Instituições Federais de Ensino Superior e, principalmente, fortaleceu as pesquisas com foco em terapia e diagnóstico a partir de moléculas, em escala nanométrica (1 milímetro dividido em 1 milhão de vezes).
Com o trabalho em rede, as pesquisas deram um salto em maturidade e em quantidade, resultando em 161 pedidos de patentes, sendo pelo menos a metade com solicitação direta dos pesquisadores do laboratório. São patentes para novos medicamentos e terapias no tratamento de diversas doenças, como por exemplo, diferentes tipos de câncer, doenças respiratórias, além de soluções para os setores veterinário, agrícola e ambiental.
O laboratório, incluindo todos os pesquisadores e professores associados, se destaca pela intensa produção científica, com média de 100 publicações anuais, tais como; artigos, teses e dissertações. “Nosso ambiente de pesquisa exclusivo, aliado ao perfil empreendedor do professor Luiz Ricardo Goulart Filho, que buscava recursos e parcerias em todo o mundo, impulsionou nosso trabalho e atraiu o interesse da iniciativa privada, gerando resultados expressivos”, explica Luciana Machado Bastos, coordenadora do laboratório. A coordenadora ainda destacou a participação do pesquisador Carlos Ueira Vieira assumiu a coordenação do INCT TeraNano proporcionando a continuidade dos projetos de parceria iniciados pelo prof. Luiz Ricardo Goulart Filho, falecido na pandemia.
Uma das linhas de pesquisa com pedido de patente requerido. De 2017 até o ano passado a rede, encabelada pelo laboratório soma 161 pedidos de patentes e quase 2 mil artigos publicados
O INCT TeraNano da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) realiza pesquisas em rede com 20 universidades universidades e centros de pesquisa federais e estaduais das regiões Norte, Nordeste e Sudeste e parcerias com hospitais e empresas nacionais e multinacionais na área de saúde animal e humana. No combate ao câncer, por exemplo, um dos objetivos é substituir a biópsia por um procedimento único de diagnóstico e tratamento. “Nós podemos usar sangue ou saliva de pacientes para identificar o estágio da doença, auxiliando os médicos na escolha do tratamento mais eficaz”, afirma a pesquisadora biomédica Emília Rezende Vaz. Segundo ela, a principal característica das pesquisas é a personalização dos tratamentos, aumentando as chances de cura e diminuindo os riscos de rejeição.
Na área animal o laboratório já possui protótipos de medicamentos patenteados para uso veterinário e busca parcerias, com a iniciativa privada, para transferir a tecnologia ao mercado. Além disso, tratamentos inovadores para câncer estão em fase de testes em animais e também aguardam investimentos para avançar. O mesmo ocorre com as pesquisas nas áreas ambiental e agrícola, com foco no controle de pragas e identificação de contaminantes, no para o agro, como por exemplo, um eletrodo, à base de grafeno. O dispositivo faz parte de plataforma diagnóstica desenvolvida para identificação de doenças por meio de marcadores específicos indicados pelo mercado, ou indústria parceira.
”A evolução do laboratório também impactou nossos processos de compra, com o apoio da FAU, conseguimos importar equipamentos e insumos, sendo pioneiros neste tipo de aquisição e evoluindo junto com nossa principal parceira”, destaca Luciana Bastos.
Mário Machado, pesquisador químico mostrando eletrodo, à base de grafeno. Dispositivo faz parte de plataforma diagnóstica desenvolvida para identificação de doenças por meio de marcadores específicos.
Em 2022 o laboratório ampliou a capacidade de pesquisa com a construção de um anexo aumentando quase 200 metros quadrados e novos equipamentos.
A coordenação do laboratório se prepara para um novo desafio: conseguir aprovar o INCT Nano Inova Saúde, concorrendo ao nível de referência nacional na área da saúde. As pesquisas serão fortalecidas de forma integrada, considerando os 3 pilares preconizados pela ONU e Ministério da Saúde: saúde humana, animal, vegetal e ambiental.
A nova perspectiva inclui integrar pesquisas das diferentes áreas e expandir a rede para universidades das regiões Sul e Centro-Oeste, além de laboratórios da Europa e dos Estados Unidos. “Com até 35 instituições trabalhando em rede no desenvolvimento de terapias e diagnósticos em nanoescala, vamos ampliar nossos resultados e atrair novos parceiros da iniciativa privada, mantendo o espírito visionário e inovador do professor Luiz Goulart, que transformou um pequeno laboratório em um centro de referência quatro vezes maior em espaço e equipamentos”, conclui Luciana Bastos.
Por: Cristiane de Paula (jornalista FAU)
Publicado em 20/01/2025 às 15:54